segunda-feira, dezembro 15, 2008

Why is it so funny to me?

Quando ela aceitou o pedido, Jake prometeu-lhe uma vida digna da mais importante realeza. Incrível como existem pessoas que cumprem sua palavra, não importa o quê. Também pudera. A família de Jake, os Hartmann, era a mais tradicional da cidade, cujos dois terços pertenciam a ela. Não deixariam que nada os faltasse, nunca, jamais. Seria fácil para Jake proporcionar a Anne tudo o que ela sonhou.
Ela mal acreditava em sua sorte. Cursando o último ano da faculdade, todos os seus colegas eram deixados a par dos preparativos, planos e felicidade de Anne, que fazia questão de deixar claro que não poderia estar mais radiante. Só sua melhor amiga, Suze, às vezes parecia mais nervosa do que Anne. "Calma, Suze, você será uma excelente madrinha. Não se preocupe". Decoração da igreja, decoração da festa, buffet, convites, roupas, lua-de-mel... Era tanta coisa! "Dê graças aos céus por nós, Anne, que estamos aqui para ajudá-la", dizia sua futura sogra, olhando severamente para sua filha, que visivelmente preferia estar em um concerto de rock do que escolhendo entre doce de nozes ou de caju para o "casório do mano".
O grande dia. Enquanto Suze corria de um lado para o outro parecendo mais nervosa do que a Monica no casamento da Phoebe, tudo o que Anne conseguia fazer era sorrir e sorrir, seja para o fotógrafo ou para o espelho ao dar os toques finais ao véu. Mal se deu conta de quando o tradicional "lá vem a noiva" começou, nem de quando seu pai estendeu o braço, cheio de orgulho, e tomou sua mão. As portas se abriram à sua frente e os dois foram em direção ao altar, onde Jake não podia estar mais.. "Uau, Jake..! Haha, esse é o meu marido!". Quando se deu conta, ela já havia chegado no altar, dito sim e estava trocando as alianças e indo para o beijo. Aquele era o seu momento, o dia mais feliz de sua vida! Estava se casando com o homem que amava, "meu Jacob!", e nada era mais importante do que ele.

Bateram à porta, despertando-a de suas lembranças do casamento. Anne olhou em volta, analisando cada detalhe daquele quarto branco, desde as cortinas ao vento salgado do mar a poucos metros dali até o enorme espelho ao lado do imponente armário, que refletia parte da cama luxuosa na qual a moça havia passado a noite. Demorou alguns segundos para ela notar a bandeja de prata sendo carregada por aquele cara sem camisa que parecia alheio ao sorriso bobo estampado em seu rosto. Ao ver Anne se espreguiçar, ele foi até a cama, posicionou a bandeja entre os dois e atirou-se ao lado da moça, afastando uma mecha de cabelo dos olhos dela.
- Trouxe o seu café da manhã, bela adormecida.
- Bom dia.. - disse Anne devagar, beijando o rapaz, no que ele riu e a beijou de volta. - E obrigada pelo café, Dustin.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Você é a única pessoa que me faz rir e me faz chorar.
E o pior é que eu não consigo te falar o que quero sem rimar.

Você pretendia me contar?
Um dia.
Quem sabe.
As coisas ficam mais fáceis quando eu digo que tem um problema?
Temos um.
Não importa.
É isso mesmo que você quer?
Acho que..
No pressure.
É isso que você queria?
...
No pressure.
É ainda mais.
Argh, que clichê.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Autumn

- Knock, knock.
- Ah, oi, Jass, pode entrar. Eu só estava arrumando a minha mochila.
Ela passou pela porta e foi andando entre as mesas. Jogou seus cadernos na mesa logo atrás de Simon e começou a revirar a bolsa enquanto dizia:
- Dá pra acreditar? Último dia de aula. De todos aqui nesta escola! Parece até que foi ontem que eu conheci aquele imbecil sem cérebro que só queria saber de... - ela puxou da bolsa um livro grandão, a capa azul escura brilhava a pouca luz que entrava na sala pela janela semicerrada. Balançou-o na frente do rapaz com uma cara de deboche. - ficar vadiando por aí.
- Corta essa, Jay - ele riu quando ela torceu o nariz ao ouvir o apelido que odiava. - Você bem que gostou desse imbecil.
- É, gostei. - ela apoiou o joelho na cadeira, permanecendo de pé. - Mas isso foi só depois de um bom tempo tendo que conviver com ele. Anyways, não foi pra ter ataques nostálgicos que eu te procurei.
- Então foi pra finalmente concordar comigo a respeito de O Poderoso Chefão?
Ela mostrou a língua.
- Bobão. Você sabe que eu gosto desse filme. Agora, toma. - Jass atirou o livrão azul no colo de Simon com força - E me passa logo o seu anuário.
- Comoéqueé? - Simon piscou.
- Caramba! - bufando, ela se sentou. - O que houve com você hoje? Me passa o seu anuário para eu poder assinar enquanto você assina o meu.
- Vem cá, era tão difícil falar isso? - revirando os olhos, ele jogou o seu anuário com igual delicadeza para ela.
- Não reclama. Só escreve.
Rindo daquela garota de 17 anos de idade que balançava os pés sob a cadeira como se tivesse cinco, ele sentou-se a sua frente e abriu o livro.
Imediatamente pensou no que poderia escrever. "Boas férias"? "Tenha um bom verão e nos vemos por aí"? Credo, tudo vago e idiota demais. Além disso, quem sabe essa não seria a hora? Você sabe, a hora de contar tudo. Ah, não finja que não sabe! Tudo o que Simon sentia por Jass! Quem sabe não fosse...
Respirando fundo, ele começou a escrever.

"Jass,

Uau. Último ano. Demais, não é? A faculdade ano que vem parece mais longe do que jamais esteve, por incrível que pareça. Mais incrível ainda é que nós agora somos adultos independentes que podem cuidar de si mesmos. Bem, é o que diz a sociedade.
Mas okay, cortando essa parte clichê, eu tenho que te contar algo que sei que talvez nunca mais terei outra chance para fazer: sentirei sua falta. Não acredito que aquele projeto de patricinha que conheci ano passado pudesse se tornar essa garota incrível com quem tive o prazer de dividir tantos bons momentos tanto na escola quanto, sei lá, 'vadiando por aí'.
Você é a melhor amiga que eu já tive e não, eu não sou gay.
Eu só me apaixonei por você.

Amor,
Simon"

Seu tonto, maluco, idiota! AMOR?! Não, não, assim fica repentino demais. Então seria melhor tirar a parte do "estou apaixonado por você". Não, pensando bem, está bom desse jeito. Eu acho. Eu espero. Droga, vou pirar.
- Pronto?
- Hã? - ele fechou o livro num estalo, levantando-se da cadeira em um pulo, seus pensamentos indo por água abaixo. - É, acho... que acabei.
- Eu também! - ela sorriu. Aquele era o octogésimo décimo segundo sorriso que ela dava pra ele. Não que ele estivesse contando.
- Quer trocar? - ele sugeriu, nervoso, ao estender o anuário da garota.
Acenando com a cabeça, o sorriso ampliando-se, ela estendeu o dele.
Arrependimento. Oh, droga, não, agora não! Ela vai rir de mim. Ela vai rir de mim e jogar o livro na minha cara.
Talvez ele nunca devesse ter mencionado que gostava de Jogos Mortais. Ele devia ter se dado conta de que ela não gosta desse tipo de filme, ainda mais depois daquela expressão de nojo quando ele comentou algo sobre um cara sendo afogado em banha de porco.
Talvez ele não devesse ter começado aquele campeonato de cuspe a distância no parque no outono. "Aposto que ela ainda usaria aquelas botas sem salto se não fosse pelo campeonato".
Talvez ele não devesse ter falado que a Lee Meriwether foi a pior Mulher-Gato da história do Batman. Ou que a representação de físico do Jim Parsons era medíocre.
Talvez ele não devesse ter comentado que a Jamie Lee Curtis estava horrível em True Lies. Não depois de Jass ter dito que malharia o quanto fosse necessário pra conseguir um corpo como aquele, naquela idade.
Talvez ele não devesse ter escrito tudo o que escreveu naquela folha. Talvez..
Ele abriu seu anuário e encontrou duas linhas escritas naquela caligrafia fina e arrastada que ele conhecia tão bem. Notou também que ela escrevera a lápis, e não pôde deixar de rir. "Nada é para sempre", ela dizia. "Por que o que escrevemos têm que ser?". Fechou os olhos com força, na vã tentativa de mandar embora a voz de Jass de sua mente. Ao abri-los, leu o que lhe pareceu surreal.

"Sábado estréia Jogos Mortais V.
Passa lá em casa às 7?"

-What the...? - ele murmurou. Não conseguia entender o que estava lendo. Na verdade, quase não queria entender. Na verdade verdadeira, estava entrando em pânico.
- Se você quiser, - Simon ouviu Jass falar, mas não conseguia tirar os olhos do anuário. - Eu posso escrever alguma coisa a caneta, sabe, depois de sábado.